12/07/2011
Hoje eu acordei leve, de bem com a vida e um pouco menos agitado, embora pareça estar mais, já que, quando consigo me acalmar, fico muito excitado e demonstro isso agitando todos os meus membros e emitindo sons cavernosos, seguidos de abraços desmedidos, apertões exagerados e, dependendo de quem está ao meu lado, ávidas mordidas e lambidas. A Bisny ficou toda babada hoje de manhã...
Acordamos com uma boa notícia: poderemos entrar no Black Rock Desert, deserto onde é construída a Black Rock City, uma semana antes do Burning Man ter seu início oficial. Fiquei muito entusiasmado, deve ser espetacular ver um deserto bruto ser transformado numa cidade que abriga mais de 50 mil pessoas durante uma semana. Mas quem tá pensando que conseguimos essa boiada pra ir lá e filmar tudo, camarote style, tá muito enganado. Nós vamos trabalhar de pedreiros, encanadores, serralheiros e ajudantes gerais. Vamos ser parte da equipe que faz, com o próprio suor, um local que não possui sequer um arbusto se transformar em um mar de instalações artísticas refulgentes e micro organismos habitacionais temáticos. Obviamente, em meio a todo esse comprometimento laborial, acredito que teremos grandes oportunidades de fazer belos registros. Damos e recebemos, é assim que deve funcionar, não da maneira inversa.
Uma semana em San Francisco e já conseguimos fazer bastante coisa. Se já fomos a Alcatraz? Não. Golden Gate Bridge? Também não. Lombard Street? Not. Pier 39? Bom, nesse fomos, só pra dar uma passeadinha; mas de passeio foi só isso mesmo que fizemos. Eu me sinto exatamente como um morador da cidade. Nossos amigos são "locais", as coisas que a gente tem que resolver passam longe da rota turística, vivemos um bom tempo em coffee shops com a cara enfiada no computador, frequentamos uma academia, enfim, somos da área. Mas vou falar que só essa semaninha aqui arquitetando o porvir me deixou com uma baita saudade da estrada. Estava tão sedento por uma rodoviazinha que, quando descobri que ia pegar um dos convites do Burning Man com um cara que mora a 100 km de distância, fiquei todo empolgado. A Bisny indagou se os gastos de gasolina e de pedágio não descaracterizariam aquela como uma boa oferta e eu, em breve reflexão, ponderei que os benefícios com as lufadas de vento quente na face proporcionados pelo automóvel em deslocamento, somados a uma bela trilha sonora, fariam muito bem para o astral. Balbuciei qualquer bobagem matemática a arrastei a gata pro rolê.
Amanhã já estaremos em trânsito novamente. Tomaremos o rumo de Sacramento, onde pernoitaremos no couch da Nancy, que vai contribuir com o nosso filme e nos receber de braços abertos. Isto é outra coisa que me deixou bastante motivado. Além da Nancy, estamos nos comunicando com outros couchsurfers aqui da região, pessoas que são bem ativas no movimento. Todas têm se mostrado bastante interessadas em participar do FiftyFlags, acho que teremos bastante material para nossa história. E, afinal de contas, quem escreve a nossa história somos nós. Por isso, vamos tratar de carregar as tintas e empunhar os pincéis, porque a história que quero escrever é inédita, ninguém ainda contou. Serei eu o precursor de um novo gênero? Aguardem os próximos capítulos, eu de cá também os aguardarei. Mesmo sofrendo com a espera e tentando alcançar logo o amanhã, embora saiba que a única coisa que tenho é o agora. Ah, paradoxos de um sonhador...
ALOHA!
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