08/06/2011
Posso dizer que esta não foi uma madrugada repleta de sono. Devo colocar, contudo, que tampouco sinto qualquer sinal de cansaço; deve ser porque ultimamente ando híper empolgado com meu lifestyle. Vamos ver se o asfalto fumegante da estrada me embaça a vista.
Estamos em Cape Verde, Arizona, e são seis e quinze da manhã. Daqui a algumas horas, Christina e eu, seguidos pelo intrépido condutor Durval, que acompanha nosso auto quase como uma sombra, adentraremos o progressista estado da Califórnia. No instante mais embrionário deste projeto, quando decidimos viajar, em uma manhã de sábado, ainda esparramados no nosso cafofo em Nova York (saudoso Brooklyn), a nossa ideia era sair da Apple e ir pra Califórnia. Horas depois, tudo já havia se modificado e o FiftyFlags engatinhava, encorpando em larga escala. Pois é, três meses depois chegou a hora de avistar o Pacífico. Nara e Thiago, amigos do Brasil em vacaciones, nos aguardam hoje à noite em San Diego, com prenúncios de seríssimas injeções de cavalares doses de animação, que só publicitários paulistanos em férias na Califa podem fornecer. Vindo de temporadas extenuantes de labor na Babylon, o vistoso casal promete descontar a diversão a que tem direito nesses próximos vinte dias - vieram até com barraca na mala. Veremos se os destreinados companheiros ainda estão afiados na arte de viajar. Porque a Bisny e eu, como dizem lá em Sampa, estamos Mil Grau.
Desde meu último passional post de aniversário, muita coisa aconteceu enquanto tivemos os coroas como parte da equipe. Do emocionante reencontro em Denver, no primeiro dia do mês, até hoje, dia oito, muitos quilômetros foram percorridos. No Colorado, depois da capital, que é uma cidade fantástica com gente amigável, fomos até Aspen. Pegamos uma rota alternativa que leva ao cume da maior montanha daquela região para depois descer um pouquinho até Aspen, que fica a uns três mil metros de altitude. Portanto, se pra chegar até lá a gente subiu bastante antes de desbravar o morrão ladeira abaixo, imagino que chegamos perto de quatro mil metros acima do nível do mar. Alto pra caçamba, e digo com tranquilidade que foi um dos cenários mais alucinantes que já vi. Em plenas vésperas do verão, a montanha era só neve, alva e cintilante em sua imponência sedutora: coisa de louco. Aspen é uma cidade para os bem privilegiados no quesito monetário, é preciso tomar cuidado para não pagar impostos em caso de flatulência silenciosa. Jantamos num restaurante muito legal e fomos dormir na vizinha Snowmass Village, não tão charmosa quanto mas um pouco mais acessível. Na manhã seguinte, após breve passeio digestivo no Mall a céu aberto, tocamos as barcas para New Mexico - The Land of Enchantment. E acho que realmente fomos parar em um lugar encantado.
Já que eu e a Bisny temos usado muito couchsurfing em nossos deslocamentos, e que isso tem sido fabuloso, achei que seria interessante meus pais participarem pelo menos de um capítulo dessa saga. Pois bem, escolhi a cidade de Santa Fé, e com antecedência procurei algum host que pudesse hospedar quatro pessoas e ofertar uma suíte para os velhos. Encontrei o Tom, que imaginei ser um pacato semi-idoso de 59 anos, que mora no campo buscando aproveitar com tranquilidade o tempo para imergir na leitura (a casa dele fica a vinte e cinco minutos do centro de Santa Fé, um estilo meio sítio árido). Não foi nada disso. Foi muito melhor.
Tom Barkes é um ser humano único, que, dependendo da interpretação, pode ser considerado mais do que isso. Em primeiro lugar, seus feitos como mestre e executor de obra são impressionantes. O cara ergueu sozinho, em suas folgas de motorista de taxi e biscateiro, ao longo de vinte anos, uma casa muito bonita, bem concebida arquitetonicamente e espaçosa o suficiente para acomodar sete couchsurfers, o que ele não hesita em fazer. Além de nobre peão, o homem acumula talentos de cozinheiro, músico e conversador profissional. Nos deliciamos com suas histórias de uma vida nada usual e com pensamentos evoluídos de desapego. Ativo no CS há um ano, ele já recebeu mais de oitenta hóspedes, algumas vezes mesmo sem estar lá. A porta de sua casa nunca é trancada, diz que se alguém quiser levar alguma coisa pelo menos que não quebre nada. Mas mais do que isso, Tom é um cara cheio de amor, que cria com devoção uma filha de cinco anos e que acredita em seu poder de cura através da prece.
Acho que consegui transmitir pros meus pais o espírito que permeia as pessoas que abrem suas casas para desconhecidos e dali a dois dias têm novos amigos. Com certeza esse sessentão estilo Richard Gere deixou suas marcas em todos nós. E mais, quem sabe ainda ele não vai ser o nosso comandante na construção do Circo no Burningman: ele se animou e até fez uma breve demonstração, com alguns materiais que tinha, de como seria, em sua cabeça, a maneira mais simples e menos onerosa de levantar uma estrutura no meio do deserto. Talvez os ventos levem-no até nós, nunca sabemos a direção em que eles soprarão. De qualquer modo, me sinto privilegiado por ter feito um amigo como esse.
Para finalizar, quero registrar nossa passagem por Flagstaff, Arizona. Tivemos uma tarde muito agradável em família, visitando lojinhas transadas e comendo bem, nessa cidade que foi passagem da histórica rota 66, quando o tamanho dos bigodes dos motoqueiros era proporcional ao seu destemor sobre duas rodas. De lá dirigimos mais um pouco e paramos em Cape Verde, só para dormir, coisa que pouco fiz. Fiquei a noite inteira organizando nossos vídeos e sincronizando HDs. (Para quem ainda não sabe, estamos rodando um documentário). Dormi umas três horinhas de sobressaltos intermitentes, preocupado se ia tudo bem com as máquinas. Em dado momento, resolvi acordar de vez e pegar a caneta - em quem confio muito mais -, enquanto a vigília nos discos rígidos ainda se fazia necessária. 7:26 da manhã e minha princesa dorme angelical, no leito que amanhã será de outro(a), que com certeza não será tão belo(a). Mas amanhã é um novo dia, e hoje a gente chega à Califórnia, vivendo intensamente a vida sobre uma interminável onda.
Que se pode dizer de tamanha façanha!!! É puro auto-conhecimento artistico biroulock stile-life!
ResponderExcluirVai de Nazário que eu vou de Shakur! Essa Trip tá muito Dreams Of Raposa! Ou se preferir: Dreams of fox trip! Ou se quiser: Vig Life ! Cê tá ligado o Vig nunca abandona, sempre manda um Azul de metileno na carcarachola! Baccio e suerte Vig Vince!!!
Larry, qual vai ser a welcome califa baratinada? Pro lados de cá mexe-se com relógio casio made in thailand!!! E se enfiar um MC700 na mala Do Durva Dad, vou de Apple USB!!! Baccios Didi-onisiacos!
ResponderExcluirTininha, quanto você calça? Vou mandar uma sapalha iraaaaaada! Baccios, Didi!!!
ResponderExcluirTinoca, pergunta pro Iggy qual se rola uma sapalha que nem a do amigo do Mergulha, qual o nome do djow mesmo?
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